Dando pitacos!

Porque todo mundo tem algo a dizer sobre tudo. Só não somos convidados sempre...
E a estrela Intrometida existe mesmo!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Pitacos na educação do RJ...

Amigos:


Como alguns devem saber, tenho um trabalho ingrato. Um trabalho ingrato que é o mesmo dos meus pais. Acho que o escolhi, mas também tenho dúvidas se eu vivo ou não em um sistema de castas, porque minha irmã mais velha faz a mesmíssima coisa, e a mais nova está trilhando pelo mesmo caminho. Tenho medo por meus filhos (quando houver, se houver...), porque se as coisas permanecerem do jeito que estão, eles não terão outro exemplo em casa e aí estarei certa de que sempre vivi em um sistema de castas e não sabia (até então).


Mas o fato é que tenho um trabalho que mais me deixa infeliz na maioria das vezes. Nisso, eu estou junto com a massa; não conheço muitas pessoas que são felizes profissionalmente. Isso é coisa de novela...


Inevitavelmente terei que comentar algo sobre Ele (com letra maiúscula, porque o temor é grande...) por aqui, e eis que o dia chegou.


(... fiz tanto drama que nem sei por onde começar... rs...)


Então: na segunda feira chego para trabalhar e recebo a seguinte notícia: "Teeeeem queeeeee digitaaaaaaaarrrrr as notaaaaaaas e enviaaaaaaar pro conexãaaaaaaaaao educaçãaaaaaaaaao até seeeeeeeextaaaaaaaaa!"

Hã? É comigo também?
Descobri então que estava rolando um babado fortíssimo: (para poder fazer uma campanha anunciando que deu aumento aos servidores e informatizou as escolas) o Governador, através de sua eficiente Secretária de Educação deve ter surtado e mandou todo mundo fazer novamente um trabalho já realizado! Sabe qual? O (maldito) envio de notas!
Quem trabalha com isso no dia-a-dia não suporta. Não é legal. É puro trabalho burocrático. É repetir a mesma informação duas, três vezes. Imagina fazer isso mais uma vez? E sem ganhar por isso? (ah, porque todo mundo sabe que professor não faz nada, né?)
Em uma comunidade de internet consegui falar sobre isso melhor... Eis o texto completo:
1) Não tenho o e-mail [institucional];
2) Não tenho o laptop;
3) As notas do primeiro bimestre já foram entregues HÁ TEMPOS.
Logo...
1) Alguma das escolas que eu trabalho precisa me informar o tal endereço de e-mail.
2) Não vou fazer um serviço burocrático em casa. Como não posso levar os diários de classe pra casa, não tenho acesso à lista nominal (pq já sei que os números na lista não correspondem 100% aos números da lista de chamada na secretaria), então é necessário sim um laptop com conexão à internet [amigos, tem escolas que não possuem nem rede wireless, o que é o caso em uma das minhas escolas...].
3) Com as notas entregues, isso significa que... já eram pra estar digitadas??
Tb não sou contra o uso da informática pra facilitar a nossa vida. Uso toda hora! Como podem ver, estou aqui debatendo questões de trabalho em um dos meus poucos horários vagos, o que faz de mim uma pessoa no mínimo preocupada com os rumos administrativos da educação. Contudo, tb concordo que se for pra fazer o mesmo trabalho duas vezes (na verdade, três, pq quem preenche os diários de classe corretamente sabe que todas as informações precisam estar contidas também na parte de trás - geralmente ignorada), precisa haver no mínimo uma compensação. Outra coisa: não ouvi ninguém falando que os diários de papel vão desaparecer até pq td mundo precisa de um "recibo" por escrito - por isso q existem arquivos digitais e físicos - e pelo o que entendi, este "recibo" continuará sendo o nosso amigo azulzinho (ou amarelinho). Ninguém falou na possibilidade de impressão dos dados...
E tem mais:
Colegas, nós aqui somos apenas uma pequena fatia que sabe usar um computador com certa velocidade. Pra gente é mole repetir o mesmo trabalho várias vezes. Tão fácil que a gente nem percebe mais que trabalhamos além do contratado; nós não sentimos isso. Mas isso é uma PEQUENA parte. Existem professores mais antigos que estão com uma tremenda dificuldade. Aí dizem: pega o pessoal da secretaria pra fazer um trabalho que NÃO É MAIS atribuição dele?

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Alguns pontos importantes sobre esse assunto:
1) A Secretária de Educação acha que o valor do salário do professor é compatível com a carga horária exigida, como já disse em uma matéria do jornal O Globo.
Eis os valores: R$732,10 (bruto), em início de carreira, por 16 horas semanais.
2) O laptop que o professor recebe é em regime de comodato. Logo, nada de dizer que o professor precisa "agradecer por ganhar um laptop", porque não é dele efetivamente.

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Espero poder contar aqui o final dessa história. Enquanto isso, sigo sem nada. Isso significa que, tecnicamente, não posso começar meu trabalho. Espero que me não me pressionem quando tudo chegar. Se chegar.

Té mais, pessoas...

Este post foi escrito ao som de: "Superman", da banda Lazlo Bane. A música é mais conhecida por ser tema de abertura da finada série "Scrubs". Achei que o trecho da canção que toca na abertura é perfeitamente compatível com esse assunto:

"But I can't do this all on my own... No I know... I'm no superman!"

*Falando nisso, uma boa ideia pra post... As trilhas sonoras da nossa vida... interessante...

Um comentário: