Dando pitacos!

Porque todo mundo tem algo a dizer sobre tudo. Só não somos convidados sempre...
E a estrela Intrometida existe mesmo!

quinta-feira, 9 de abril de 2015

O caso Ed Motta

Adoro as páginas em redes sociais que são administradas pelos próprios artistas. Deve ser libertador não ter um assessor te dizendo o que fazer a todo momento, ou inventando uma imagem pra você a cada semestre.

Mas também é possível provar do próprio veneno e estar sozinho pra lidar com a bagunça.

Digo isso porque parece que a polêmica do dia foi em relação ao cantor/instrumentista Ed Motta. Ao anunciar suas datas da turnê européia, o canto teve a (in)feliz ideia de dar um aviso direcionado aos brasileiros de toda Terra, que dizia basicamente o seguinte: "Não é um show para 'matar as saudades' do Brasil. É um show para o público europeu. Então, é pra não esperar que eu fale em português. Não é pra esperar que eu cante músicas como Manuel. O show não é voltado para vocês, mas vocês são bem-vindos, se entenderem a proposta."

Ele não disse essas palavras no post original, mas graças ao post do jornal O Globo que, graças aos deuses, transcreveu o post em questão (e as devidas respostas aos comentários aos quais o título e o subtítulo da matéria se referem - veja bem, o post original de Ed Motta foi muito claro e explicativo, ofensivo em alguns momentos...) eu pude saber do que se trata.

Enfim, por isso que digo que Ed Motta teve a infeliz ideia de escrever o tal texto. E terminou dizendo algo tipo: "que saco, tenho que explicar isso toda vez..." Isso, é provavelmente, ele deve passar por momentos bem constrangedores nessas turnês e certamente deve estar de saco cheio.

O que eu entendi:

1) Ele quer construir uma imagem forte internacional, que difere da imagem que ele construiu - ou que acabou sendo construída pelas circunstâncias... - no Brasil. Sim, vamos combinar, ele é o cara do "Manuel, foi pro céu". Falando nisso, "Manuel" é uma música muito boa, muito boa mesmo. Mas o Ed Motta também é o cara que estuda jazz! E escuta jazz pra-ca-ram-ba! E tem projeto na área. Lembro que fui no Leblon Jazz Festival num ano desses aí e ele foi se apresentar. Cara, o som dele... é NADA Manuel. Tinha uma época que eu o seguia no Twitter. O cara só fala de jazz. É sério. E nada mais natural ele querer essa imagem pra carreira dele. E nada mais natural AINDA ele deixar essa coisa festeira pra trás. Tipo a gravação dele pra "Fora da Lei". É uma coisa muito legal. Mas, acredite, isso NÃO é Ed Motta. Não mesmo. Então: ele certamente não deve curtir ser reduzido aos sucessos radiofônicos. Ah, e ele não quer viver na sombra do Tim Maia MESMO. Mas acho que isso ele já deixou bem claro, há muito tempo. Ah, e também não canta "Aquarela do Brasil" e similares...

2) Eu nunca morei fora do país. Conheço gente que mora/ morou, e acredito que a saudade do calorzinho da terrinha deve ser MUITO grande. Imagino aquela galera que sai de casa, larga família e tudo pra tentar uma vida melhor. Deve ser uma puta decisão a ser tomada. E viver em um lugar que não é o seu deve ser muito ruim. Se você não conhece o idioma, então... pior ainda. Por isso
que eu acredito que, se você está há tanto tempo fora, qualquer coisa que te faça lembrar de casa é bom, ajuda a suportar... Bom, isso não vale para os shows do Ed Motta. E, nesse sentido, gostei da sinceridade dele. O show dele não é pra lembrar o Brasil. Ele não quer lembrar o Brasil. E, sinceramente, ele está no seu direito de não querer. Ele não quer botar todo mundo pra sambar, abrir um bandeirão, etc. É uma decisão comercial, apenas. Ele não tá dando uma banana para o Brasil e vai viver na Europa, uma coisa não tem nada a ver com outra (apesar do senso comum achar que, só porque o fulano nasce e vive no Brasil, somos obrigados a abraçar a bandeira e gritar "Sou brasileiro, com muito orgulho e muito amoooooor"). Na verdade, acho que se ele quiser ele tem muitas condições em viver na Europa, e bem. Mas ele não quer, e isso não é problema nosso. Ele quer é uma faixa na carreira que não ligue o som dele ao Brasil. Ele tá errado em querer isso? Em não querer se vender como "som brasileiro"? Se alguém for ver os posts e twittes dele, vai entender.  

Lembro de quando a Shakira foi redirecionar a carreira para o mercado norte-americano. Ela ficou loira. Gente, ela até ficou loira! E nunca tinha visto ela com tão pouca roupa. Vejam bem, não estou falando de sonoridade. Estou falando de estratégia. Shakira quis outro público. Certamente quando anúncios dos shows da "nova" Shakira apareceram nos EUA, a comunidade hispânica deve ter ficado feliz. Mas tudo aquilo não era pra eles. Ela os respeita (acho), mas ela optou por gravar em inglês. O show que ela apresentou no Rock In Rio foi com músicas em inglês e ela se comunicou em inglês em boa parte do tempo (e ela é
fluente em português, acho isso uma gracinha). E todo mundo acompanhou, ninguém reclamou. Bom, talvez na Colômbia. Mas não chegou aqui.

De qualquer forma, eu vejo essa decisão do Ed Motta como algo puramente comercial. Não me parece que ele tem vergonha do público dele aqui - porque, aí é o pulo do gato, o público dele DE VERDADE sabe disso. Aí vem o (desagradável) nº 3.

3) "Meu público brasileiro de verdade na Europa é mais culto [...] o negócio é vai uma turma simplória que nunca me acompanhou no Brasil [...]" - e aí ele descamba para os estereótipos. Então... essa fala é muito elitista.

Não precisava ser ofensivo. 

Me parece (eu não tenho como dizer com certeza) que: "estou fora do país, estou com saudade de casa. Opa, Ed Motta na Europa!!!" O tipo de imigrante que o show quer atrair não é o camarada que nunca OUVIU o que Ed Motta faz (quer ouvir os sucessos populares, "Manuel", etc.). A proposta do show é outra, para um outro público. Lembra quando eu falei do "verdadeiro" Ed Motta? O puro jazz? Então. Guenta a pressão.  E essa fala é desagradável porque, putz, é elitista demais. Aí ele perde minha simpatia. Quer dizer que o cara que  trabalha como operário não tem como conseguir pegar a essência da música do verdadeiro Ed Motta? Nossa, esse trecho me dá nojo. Agressividade desnecessária. E olha: eu trabalhei com João Donato, e nem ele que é um dos pais da Bossa Nova - e ele é admirado pelo Ed Motta, inclusive - é assim! E o nome do Donato está na história da música mundial, ele é o COMPOSITOR de "Minha Saudade", caramba! Donato é puro abraço! Tinha tudo pra ser a pessoa mais escrota do PLANETA só pelo "Minha Saudade", mas não é. Não precisa ser.

Eu concordo, eu sei porque já ouvi: o verdadeiro Ed Motta não é para iniciantes. Mas, não que tenha faltado um pouco de humildade na fala de Ed Motta (não, que isso), mas ele cuspiu para o alto. Instrumentistas de jazz, antes de fazerem escalas e mudarem o mundo, não nasceram ricos. Já tiveram empregos que não tinha nada a ver com a música. Já entraram em clubes de graça. Já passaram fome. Mas amavam a música, tinham vontade de ouvir, e assim se entregaram. Então o operário não pode ter um mp3 player e baixar discografias pra ouvir em casa quando chegar? Não assiste a concertos de graça aos finais de semana? (cara, como tem disso na Europa, sério!) 

4) Sim, a língua é uma barreira importante. Mais uma vez: o público do Ed Motta na Europa é outro. Mas, putaquepariu, nessas horas eu super concordo com o Donato, que é o cara que faz um puta sucesso no Japão (e eu falo MUITO SÉRIO quando digo "puta sucesso") e não sabe falar japonês (ele arranha...). A música instrumental tem dessas coisas. É boa em qualquer lugar, sem precisar de ninguém cantando. E outra: o Ed Motta não vai fazer stand up, então não sei o motivo dessa forçada de barra na questão do idioma.


É nessa hora que o Ed Motta PRECISAVA MESMO de um assessor. Nenhum louco deixaria um texto desse sair assim. Não precisa ser agressivo desse jeito. Foi uma cagada descomunal. Muito, muito negativo. E o pior é que ele se deu o trabalho de responder às críticas - tão "educadas" quanto as dele ou pior. Aí se caga mais ainda. O brasileiro é um povo passional. É hipócrita, mas faz um barulho danado quando quer. Se ofende a chamada "brasilidade", já viu... Ed Motta não precisa abrir uma porta e bater a outra na saída. Não precisa, definitivamente. Dá pra conciliar os dois, numa boa. 

Por outro lado, que bom que ele escreveu esse texto, porque é assim que a máscara cai, né?

Mas... Sério, cara. Contrata um assessor pra acertar isso aí. Isso se você quiser fazer alguma coisa no Brasil num futuro próximo.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Divergente, Insurgente, Convergente... Detergente. E o Four, claro.

Nossa, tem 1 mês que não piso aqui... :/
Mas como decidi que em 2015 eu iria ser mais responsável com o blog (tento isso todo ano), então eu farei! Porque 2015 vai ser diferente!

Então, acabo de sair do cinema. Hoje assisti ao segundo filme, de quatro (got?), da "saga" Divergente, o tal "Insurgente". Em primeiro lugar, em minha defesa (ou não), tenho que confessar que já li todos os livros. Os quatro livros. E minha segunda confissão é: os livros são bem fracos. O primeiro então, o "Divergente", é o mais fraco em termos de construção do texto. É bem ruim mesmo. Sério. É um cartão de visitas tão ruim que uma amiga minha (que é professora de português, com mestrado na área de literatura) me contou que o livro tem o apelido de "Detergente", e eu, mesmo estando no terceiro na época, não me importei de adotar. Aí eu vivo chamando de "Detergente" também. 

Tô esperando o lançamento desse também...

Quando eu terminei de ler os três - cada um em uma semana (só não foi em menos tempo porque eu trabalho, estudo, leio outras coisas... rs) - eu comprei o ebook do primeiro livro, em inglês. Porque algo não pode ser tão ruim assim a ponto de ser tão fácil de ler no idioma original. E eu, com meu inglês intermediário (e vai ser assim por um bom tempo), li com o pé nas costas. Aí você pode dizer "ah, mas é infanto-juvenil"... ah, vtnc!, "Jogos Vorazes" também é e tem a sua dignidade, é melhor escrito (depois eu comento sobre ele...).

O problema da tal série "Divergente" é a qualidade de escrita da autora, Veronica Roth. Assim, todos os elementos que fazem uma boa história estão lá: o tema é bem bacana (uma distopia, assim como "Jogos Vorazes", o tema da vez - embora muitos tenham problemas com interpretação de texto e não conseguem enxergar seus elementos na vida real...), a protagonista é uma jovem mulher forte cheia de defeitos (e na maior parte do tempo, é uma adolescente chata - mas isso é problema da Tris mesmo, e não da autora), seu interesse romântico é muito interessante... (destaque para o "interesse romântico". Voltarei nisso depois) Mas, enfim, "Divergente" parece um trabalho de escola. Algumas coisas estão super bem feitas, outras muitas parecem jogadas. Muitas vezes tive a impressão que a Tris era um "samba de uma nota só"; muitos personagens são simplesmente jogados no texto, apresentados e desenvolvidos de uma maneira super rasa, e como todos os fatos se concentram na Tris - o livro é narrado em 1ª pessoa, odeio isso porque não me dá muita noção do todo e eu nem posso tirar minhas próprias conclusões, fico dependendo do que a personagem vai achar, pensar, ver e sentir - não dá pra você ir muito longe, quando esse recurso é mal feito (em "Jogos Vorazes" toda a atenção é na Katniss, mas como o primeiro e o segundo livros são desenvolvidos em "ambientes seguros", com poucos personagens principais, e cada um tinha seu momento... como disse, é preciso saber fazer).

Mas aí apareceu o Quatro. Aaaaaaaaah, o Four. Sempre tive a impressão de que esse personagem era grande demais pra aquilo que ele servia nos três livros. Não deu outra. Ele não só era muito grande [got?] como a mesma Veronica Roth já disse que a história começou por ele! E realmente, como demonstra "Quatro", o livro, esse personagem nos é apresentado sem a correria dos divergentes, então podemos entrar um pouquinho mais no mundo dele. Não é o bastante, mas é um desenvolvimento muito melhor que qualquer outro personagem que aparece nos três livros seguintes! Melhor que até a própria Tris! Isto é, faltou construir um background consistente para todos os personagens principais. Senti falta nisso em relação ao Peter, por exemplo. Esse aparece como um cara que faz bullying, até aí ok, mas quando chegamos ao final da história e ele pede pra tomar o tal soro que faz "quase tudo voltar ao zero", ele joga uma questão que me botou pra pensar: será que o fato dele ser assim, violento, implicante e maldoso (porque ele é "mau feito pica-pau") é dele mesmo? E isso é importante porque faz referência ao motivo da criação do sistema de facções. O soro foi uma chance pra ele recomeçar! Roth perdeu uma grande chance de desenvolver um personagem um pouco mais complexo. Seria lindo se, ao longo dos livros, houvesse uma parte dedicada ao Peter, para conseguir entendê-lo um pouco melhor, ou mergulhar no seu lado negro de vez. Outro personagem que também não diz muito a que veio: Marcus. E nisso aí, até o "Quatro", o livro, falha. Ele era um cara violento, ok. Mas extremamente importante dentro do contexto político da Abnegação. Por quê? Não sei! Não queria ver uma discussão a respeito da "origem da maldade humana", mas se o cara tem uma vida dupla, qual o sentido disso isso sendo um homem público? Ele sentia prazer em bater no Tobias e na Evelyn? Ele se sentia sujo? Era pra tornar evidente a ironia: "nossa, ele é um homem da Abnegação, mas não tem nada de Abnegação em casa"? Se for isso, essa é a forma mais estúpida de mostrar. Porque pra isso, já existem os Divergentes que vivem escondidos dentro do sistema de facções. Passei um bom tempo esperando esse personagem explodir, mas essa explosão nunca acontece. As outras facções também são problemáticas. Não precisaria descrever a Franqueza, por exemplo, com a mesma exatidão de detalhes da Abnegação e Audácia, uma vez que a participação deles é pequena dentro do contexto maior, mas quando você tem um background bem construído, isso pode se refletir nas atitudes dos personagens. A Christina é só faladeira? Ok, ela muda BEM depois da morte do Will. Mas isso também poderia servir pra que a Christina mostrasse um pouco mais do "que é ser da Franqueza" pra gente - vamos lembrar que a história toda dos três livros da série não se passa nem em um ano (acho que nem em 6 meses), é tudo muito rápido, então eles não deveriam abandonar completamente, de uma hora pra outra, as características que ajudaram a formar seu caráter. Na verdade, o critério do sistema de facções é o de análise de caráter. Você pode querer mudar, e pra isso existe a Cerimônia de Escolha, mas tem coisas que geram ações típicas de sua facção de origem, assim como a Tris toma decisões comuns de alguém da Abnegação mesmo sendo Divergente, e isso é perdoável (afinal, me diz se o final dela não é o esperado pra alguém da Abnegação?). 

(Spoiler: ela morre tentando justamente impedir que as lembranças de todos que viveram dentro do sistema de facções sejam apagadas, e com isso impede o desaparecimento da própria história do sistema. O detalhe: quem deveria fazer isso era o Caleb, mas a Tris faz em seu lugar por escolha própria, achando que sua resistência aos soros iria lhe dar uma chance de sobrevivência. Apesar disso, ela sabe que vai dar merda, então se despede de Caleb e pede pra ele enviar uma mensagem ao Quatro.) 

E é em "Convergente", quando Tris divide a narração com Quatro (finalmente outro ponto de vista! uhuuuu!), que podemos vê-lo crescer. Ele deixa de ser apenas o interesse romântico da moça - esse caminho já começa em "Insurgente" na verdade. Ele erra, aprende, acha que tá fazendo certo, se engana, se junta com uma galera estranha porque, afinal de contas, ele quer se encaixar, saber quem são os seus iguais, já que ele não é mais quem ele pensa ser. (Mesmo sendo sempre a mesma pessoa) O seu amor pela Tris só faz aumentar a medida que o grau das merdas que ela faz aumenta também, pro meu azar, e por causa disso ele sofre. Deeeeeeeeeeus, como ele sofre. E ele precisa lidar com muitas perdas ao mesmo tempo, especialmente no final. Quem tiver saco pra ler "Convergente" vai se encantar pelo Quatro. Veja bem, a Tris não perde esse posto de protagonista porque acontece aquilo com ela ao final. O Quatro toma esse posto dela uma vez que ele é o único que cresce com todos aqueles acontecimentos, toma iniciativas muitas vezes conflitantes por amor (em vários momentos eu ouvia uma voz na minha cabeça dizendo: "Tris, por favor, para de tentar morrer porque você vai fazer o Quatro sofrer..."), a sua mãe e seu pai são peças interessantes dentro da questão da manutenção ou dissolução do sistema de facções, é ele quem conhece as pessoas importantes dessa fase da história (como seu ex instrutor, o Amah - o cara que ajudou Tobias a se tornar Quatro!)... a chave da trama está em Tobias! Aí conta toda a base criada para o personagem. O final da história gira em torno dele, literalmente.

Aí a fofa Roth vai e lança o "Quatro". Ferrou. Fico mais encantada por ele. As histórias giram justamente na fase de transição de Tobias para Quatro. Temos o início da jogada da Erudição, que vai resultar em "Divergente". A rivalidade com o Eric - história muito boa, por sinal! Quatro bêbado e de ressaca. E o encontro dele com sua mãe. Se Veronica Roth tivesse se empenhado nos outros personagens principais e no próprio sistema de facções como se empenhou no Quatro, a série "Divergente" seria muito, muito melhor. Bom, diz a lenda que ela está trabalhando em um outro conjunto de livros. Vamos ver se ela melhorou, se ouviu as dicas dos coleguinhas... rs...

Enquanto isso, vamos ver a história sendo melhorada nos cinemas. (Theo James é um Tobias/Quatro lindinho, não acham?)

Um beijo do Quatro pra vocês


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O que ficou do Oscar (texto postado originalmente no meu Facebook)

Gente, esclarecimento meu: EU SEI que premiações como Oscars e outros NÃO são pra serem levados a sério no sentido da MERITOCRACIA (o mesmo vale para a competição que envolve os desfiles das Escolas de Samba do Rio). Sempre haverá algum filme injustiçado, algum ator MUITO melhor que muito indicado e que ficou de fora da lista final, etc, etc, etc. O que é absolutamente normal, filme tem que ser bom sempre, independente de se esperar um reconhecimento por isso ou não.

O que me motiva a ver e acompanhar essas coisas é que isso funciona, pra mim, como um termômetro cultural e social daquele ano ou daquela época. (Ok, amo um tapete vermelho também, mas essa não é a questão) É um dos motivos pra acompanhar desfiles de Escolas de Samba também, e por aí vai. Sei também que o que vai pro Oscar é SÓ UMA PEQUENA PARTE do que é produzido no MUNDO. Existem milhões de festivais por aí com muito mais coisas, gostaria e ir em todos, mas tenho sérias restrições de tempo e orçamentárias. Quem me acompanha por aqui e/ou tem a ""felicidade"" de receber alguns e-mails meus, sabe que volta e meia eu chamo atenção pra algum festival bacana (e/ou estranho) possível, ou, quando é realmente impossível pra mim, indico pra aqueles que tem a possibilidade de ir. E já teve muita gente que já me chamou pra muita coisa tipo "festa estranha com gente esquisita" dos festivais de cinema, e eu fui.

Agora, reconheço o domínio dos EUA em matéria de INDÚSTRIA cinematográfica, de comércio, o business. Já li Walter Benjamin demais, Adorno, Horkheimer, Deleuze, Bergson e comentadores. E VÁRIAS VEZES me deparei com referências ou críticas ao cinema americano. O sol nasce e vai embora, o cinema americano ainda está lá. Tenho livros e livros sobre história do cinema, curto mesmo esse assunto, porque eu acredito firmemente que é esse cinema gringo que dita a nossa forma de contar histórias por aqui (e por consequência, o padrão estético das produções e por aí vai). O mesmo anda valendo pra TV (alguém se lembra de "Avenida Brasil" e sua estrutura e ritmo que lembrou as séries americanas? Então, olha o sucesso que foi.) Isso não significa que eu goste...

Ao mesmo tempo, tenho DURAS observações sobre o mercado de cinema comercial brasileiro, que tá mais perdido que cego em tiroteio, se vendendo às organizações Globo (sempre ela...) em nome de produção de ponta e distribuição. E se tornando a continuação da TV (não me conformo com filmes que mal saem do cinema e já viram "mini-séries" [eles não foram feitos pra isso, PORRA!]). E com aquele velho conhecido "fator Globo" de temática e qualidade. Por outro lado (mesmo), tenho muita simpatia pelo cinema argentino, que tem o seu próprio ritmo e linguagem diferenciada. Os filmes que vi são deliciosos, e gostaria de ver mais.

Ainda assim, o cinema americano ainda está lá, ditando o "padrão-mór" das produções (acho que "Tropa de Elite" não sairia muito da linha que foi se fosse dirigido por um gringo), dominando a "Sessão da Tarde", "Tela Quente", "Cine Espetacular" e o canal "Telecine Premium". E quando tem Oscar, tem dezenas de PAÍSES assistindo. O alcance disso deve ser fenomenal.

Por isso é sempre bom quando vejo "algo de podre no reino da Dinamarca". Quando vejo que o que é pintado colorido nos filmes, ganha um tom mais cru na realidade. Quando vejo que um prêmio de consolação bobo - porque, no caso de "Selma" foi isso mesmo, um prêmio de consolação - gera um discurso poderoso que vira mote pra esse artigo no Washington Post​. Que se discute nessa premiação a falta de negros em categorias de destaque (como bem disse Neil Patrick Harris​, "tonight we honour Hollywood's best and whitest, I mean, brightest,"). Que coloca na mesa a questão do suicídio. Que coloca a questão da mulher. Que coloca na competição um filme horroroso como "American Sniper" (sim, eu vi) e o deixa sem reconhecimento (graças aos Deuses!). E isso é transmitido pro mundo inteiro, reproduzido, copiado, zoado. É isso que me interessa, de verdade. Que bom que, dentro da história dos Estados Unidos, um filme que discute sobre o negro não deixa a discussão sobre a violência contra o negro morrer (lembrando que as histórias dos assassinatos realizados por policiais em bairros pobres e contra crianças negras eclodiu ano passado! E a questão ainda continua em pauta!).

É possível que, talvez, eu estaria dando "muita importância" pra essa indústria. É possível. 

De qualquer forma, isso está me possibilitando uma gama de discussões, de todos os tipos. 

É isso. Claquete.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Do Oscar: "O Jogo da Imitação" (e esse é um filme de amor)

Filme que poderia dar a Benedict Cumberbatch o Oscar (tenho quase certeza de que não vai, explicarei melhor ao fim do texto, mas tá todo mundo preferindo o água-com-açúcar “A Teoria de Tudo” e o canastrão Eddie Redmayne) é mediano em relação ao que (aparentemente) se propôs: mostrar em como o gênio da matemática, Alan Turing, mudou o cenário da 2ª guerra mundial. Ok, é difícil inserir uma aula sobre criptografia em um filme com aparente foco na guerra, fica tudo muito raso no fim das contas. Um dos benefícios de se estudar História é aprender o passado e fazer o link com o presente, pra evitar antigos erros e talvez mudar as coisas. Acho muito difícil que o espectador médio, que assistiu “O Jogo...” vá fazer essa conexão e pensar que hoje em dia a questão das mensagens criptografadas ganhou uma importância e uma dimensão muito maior do que Turing poderia imaginar – é só dar uma olhada nos noticiários pra perceber o espaço que a troca de mensagens e a disseminação de informação ganhou nos últimos conflitos mundiais, graças à internet. Hoje estamos tentando discutir “segurança” na internet, e em vários momentos eu pensei sobre isso, e no quanto de informação importante (não tô falando em coisas bobas, tipo o meu relato de final de semana no Facebook, por exemplo) passa por mim de forma invisível. Tudo isso graças a muitos mecanismos, um deles a criptografia. O filme até tenta ser didático, fazendo uma analogia com aquela prática que a gente tem quando criança, de codificar nossas mensagens (e depois nos esquecemos dos códigos que nós mesmos criamos, hilário!), ao mostrar o jovem Alan com seu amigo Christopher.

Mas, então, eu disse que o filme é um pouco raso nesse sentido, né? É porque tem outro grande tema envolvido: a sexualidade de Turing, em um período onde ser gay era o equivalente a ser criminoso aos olhos da lei e da sociedade. (Hoje é só aos olhos da sociedade: apesar do discurso querer mostrar o contrário, a prática ainda é punir socialmente os gays, lésbicas, trans e bisexuais. Infelizmente estamos muito longe de uma sociedade que respeita DE VERDADE o próximo...)

Esses dois grandes (grandes!) temas se confundem e, no fim das contas, um acaba prevalecendo sobre o outro.

Saí da sessão firme: o filme não era bem sobre a guerra, mas sobre um homem e sua afirmação enquanto gay perante a sociedade. Era uma história de amor, entre Turing e Christopher (ainda que representado por uma máquina). Ponto.

Turing era um matemático brilhante. Em nenhum momento isso ele se sente menos inteligente. Nunca duvidou de sua própria teoria, embora tenha passado por dificuldades, apenas a ajustou. O que ele fez dentro do exército ele poderia ter feito em escala menor dentro da Universidade. As diferenças eram a falta de motivação (que veio com a guerra), e a grana, claro. Mas eu, enquanto espectadora, não tinha dúvidas de que isso não era bem uma questão para Turing, mas sim um desdobramento natural dentro de sua carreira como matemático.

A sua grande luta foi contra o preconceito.

O filme é bem sutil ao mostrar momentos da infância de Turing e a sua relação com Christopher. As trocas de bilhetes, influências (ainda bem que Christopher era um menino superinteligente! Sabe quando você está com alguém e esse alguém só te puxa pra cima? Te estimula a pensar, a ler... Foi essa sensação que tive...), o companheirismo (quando ele salva Alan de uma situação horrorosa – prefiro nem descrever, porque rola uma claustrofobia só em pensar...). A cena em que o diretor da escola avisa que Christopher morreu é de cortar o coração. E é o primeiro contato forte, institucional, de Alan com a homofobia. Ele se segura firme pra não demonstrar nada – é a sua primeira lição de sobrevivência em um mundo preconceituoso.

Assim como na sua relação com a matemática, Turing também não demonstra qualquer dúvida ou algum arrependimento por ser gay. Nenhuma. E esse é um ponto a favor pro filme. Sempre que vejo filmes sobre/ com temática gay, é pelo viés “saída do armário” (não estou falando de filmes mais contemporâneos ou super independentes, tô falando do mainstream mesmo): todo o sofrimento em se aceitar ou não, o primeiro amor não correspondido, a tentativa de ser hetero... Esse, não. Alan Turing se aceita como ele é. Gosta de homem, e ponto (embora entenda que exercer isso é difícil na sociedade em que vive). Tem isso bem claro na sua mente, não manda o caô de que vive lutando contra seus demônios internos, não fica fazendo cara de nojinho... A única vez que ele se submete ao contrário, é por conta da punição por seu “crime”: precisa ficar ingerindo substâncias que, supostamente, vão inibir seu desejo por outros homens. Até ele sabe que isso é palhaçada. Mas era melhor que viver na prisão, longe de Christopher, agora personalizado em uma máquina. Quando ele pede Joan Clarke em casamento, é muito claro pra mim (e acredito que seja pra todo ser vivo pensante que viu o filme) que ele faz isso em nome do projeto de criação da máquina. Ela é uma pessoa bacana, inteligente, mas... não rola. E ele nem tenta! No filme todo ele não dá um beijo nela! E quando eles “terminam”, ele é bem claro: “Filha, eu gosto de homens...” Ela diz algo tipo: “Tá, eu meio que já sabia, mas a gente vive um casamento de aparências, então”. Ele: “Filha, eu não vou deixar de pegar os homens, aí você vai acabar se ferrando...” (diálogo inventado, mas o sentido é mais ou menos esse.) Alan Turing já tá fora do armário (pra si) há muito tempo! Ok, ele não andava enrolado na bandeira arco-íris, mas... ele não se negava enquanto gay. Simples assim.

Essa é a beleza do filme. Esse É O FILME, pra mim. A Grande Guerra é só um pretexto pra nos mostrar a sua guerra diária, que é ser alguém que vai na contramão do que a sociedade dita.

E quando ele está nas últimas (falando nisso, essas sequências são super teatrais...), quem ele quer ter ao lado? Christopher (a máquina). Seu amor, sua homenagem àquele que fora arrancado da sua vida.

Nada me tira da cabeça de que “O Jogo da Imitação” é um filme de amor.

E o que eu posso falar de Cumberbatch? Um fofo. Mas ele precisa parar de fazer “Sherlock”. Sério. Me corta o coração dizer isso, mas não aguento mais. Tinha cenas que não era o Alan Turing falando, mas era o Sherlock Holmes. E a culpa nem era bem da interpretação do Cumberbatch, não... o cara se deu o trabalho de mudar o seu tom de voz, sua postura, o ritmo... Era a construção do texto mesmo. Me diz se não é “muito Sherlock” a sequência que mostra como que Turing conseguiu a autorização e o dinheiro pra construir a máquina? Sherlock Holmes total! O início do filme, então... a primeira impressão que tive de Turing foi de que ele era tão obsessivo quanto Sherlock. A medida que o tempo passa, os dois personagens vão se distanciando – até porque Turing é super gay, e Sherlock é super... Sherlock, rs. Enfim. Gosto muito da série da BBC, mas ele não pode se resumir ao Sherlock.

Só que não é por isso que acho que ele não vai ganhar o Oscar, não. (porque tem um monte de gente que faz sempre o mesmo papel e ganha um monte de coisa)

Eu acho que ele não deve ganhar porque o personagem que ele interpreta é muito, muito, gay. E a Academia não gosta de gays.

Ah, mas como assim? O Jared Leto ganhou no ano passado por uma personagem trans...
  1. era uma personagem coadjuvante.
  2. o filme discutia sobre a AIDS e a indústria de remédios.
  3. o filme não discutia, em primeiro plano, sobre o amor entre pessoas do mesmo sexo. E sim sobre um problema que passou a afetar héteros também.

Sabe qual filme discutia sobre o amor entre pessoas do mesmo sexo? “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005). Seus dois atores, Heath Ledger e Jake Gyllenhaal, foram indicados no Oscar 2006. Não tenho nem ideia de como imaginar o processo de criação que resultou em dois atores héteros fazendo cenas de amor tão fortes. Mas eles foram valentes, seguraram a onda, mostraram ao que vieram. Foi o filme da vida deles. Desse ponto em diante, eles foram considerados Atores. Mas a Academia cagou pra isso.

Tudo bem, é mais que obrigação o ator fazer muito bem o seu papel. E no fim das contas, o que fica pra posteridade é o impacto que aquilo tem no público, e não necessariamente os prêmios que aquele filme ganha. Por isso, Heath Ledger, por exemplo, será lembrado pra sempre por seu Ennie Del Mar e, posteriormente, pela excelente construção de seu Coringa (ironicamente Jared Leto herdou esse papel...).

O que eu quero provar é que existe uma questão política muito forte nisso. Ok, Hollywood é cheeeeeia de gays nos bastidores, atores são gays, diretores são gays (não sei citar nenhum, mas deve ter), mas... temos um problema de representatividade frente às telas. Assim como personagens/ intérpretes negros ganhando o prêmio é uma coisa rara de se ver (esse ano não há nenhum grande indicado negro), ver um gay assumido levando o caneco é igualmente raro. E ver um personagem histórico gay (interpretado por um hétero) ganhando o reconhecimento mundial... é muito difícil. Lembra quando disse lá no início do texto que existem as leis sociais? Então. Acho que será por causa disso que não vai ser dessa vez pro Cumberbatch. Se for, eu vou ficar muito surpresa. Muito MESMO. Mas eu duvido, uma vez que tá saindo um monte de prêmios pro insosso e igualmente playboy Eddie Redmayne e pro Michael Keaton.

E pra fechar esse texto, ainda na questão da representatividade, lembro do final do filme e suas letrinhas que contam “o fim da história”: lá pelas tantas, o filme informa, todo orgulhoso, que Alan Turing recebeu o perdão da Rainha Elizabeth II em 2013.

Lembra que eu falei das “leis sociais”?

Pra alguém receber o perdão de algo, precisa ter feito algo de errado.


Qual foi o erro de Turing mesmo?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Do Oscar: "Sniper Americano"

Primeiro eu preciso contar o que me motivou a assistir “American Sniper”: tempo livre.

É isso, eu não tinha muita coisa pra fazer, estava esperando alguém no shopping, ou algo do tipo, e tentei assistir “50 tons de cinza”, mas era o dia da estreia e as sessões estavam lotadas, então eu não pensei duas vezes, comprei o ingresso.

É CLARO que me arrependi. E não é pelos motivos óbvios.

“American Sniper” é o tipo de filme que não tem história.
Como assim, não tem história!?
É assim, ó: pega um cara que poderia ter uma história interessante, que poderia puxar discussões incríveis, e decida não desenvolver nenhum desses itens para no fim discutir sobre absolutamente nada e, no fim das contas, massagear o ego de toda uma nação. Isso é o “American Sniper”.

Gente, não vai ter como comentar sem spoiler. Porque não tem história (no sentido de dramaturgia, não de biografia) pra ser contada.

O filme começa remetendo ao passado do Chris Kyle - o tal sniper que contabilizou 160 mortes em guerra em um período de 10 anos. Aí é aquela infância clássica do Texas, né. Igreja, caçada, amém. Aí eu pensei “ah, o pai dele batia nele”. Cara, não era bem assim. O cara teve uma vida até que normal. O pai ficou no pé dos filhos (ele tinha um irmão) inserindo ideias do tipo Nietzsche, “sejam aves de rapinaaaa!” (não foi essa analogia que foi apresentada no filme, mas a ideia é essa, não ser os caras que fazem a merda [que são covardes], nem ser os caras que sofrem a merda [que são cagões – ou quase isso], mas ser o terceiro elemento, aquele que decide, que resolve, o elemento forte). Enfim, não justificou muito, pelo menos pra mim, o fato de ser um sniper. Na verdade, só mostra o encadeamento lógico: ele atirava muito bem, aprendeu com o pai durante a infância, então foi fácil pra ele se tornar sniper (mais pra frente ficamos sabendo que ele entrou um pouquinho velho pra SEAL, 30 anos, então não havia muitas coisas pra ele fazer, ele só poderia se destacar nisso mesmo).

Aí, ok. Chega na fase adulta do Kyle. Ele vivia de rodeio em rodeio, com o irmão, tentando uma carreira. Esse é o segundo momento do filme que eu fiquei pensando que algo iria acontecer, mas, nada de novo: os consulados dos EUA sofrem atentados, Kyle vira pra TV e sente que “precisa defender o país”. Assim, sem mais nem menos, sem qualquer discussão. De uma hora pra outra, ele resolve se alistar. Acabou essa parte.

Chega na fase de alistamento e treinamento do Kyle. Eu fiquei esperando aquelas cenas tipo “Tropa de Elite”: “Pede pra sair!!!!”. Até tem, mas nada que supere o treinamento de Capitão Nascimento. Eu jurava que seria o início de uma propaganda dos SEALS, mas ninguém é maltratado, rola um “bullying” em um gordinho (que depois, claro, perde peso), mas... nada de novo. Só cenas do tipo “ele sofreu no treinamento, mas teve determinação e foi até o fim” - é quando ficamos sabendo da idade dele quando ingressou no exército. E pronto, nenhum drama.

Aí ele conhece a futura esposa. E eles se apaixonam. E se casam. E é isso.

Nesse meio tempo, rola o 11 de setembro. Aí ele vai pra guerra.
E mata pela 1ª vez. E é uma criança. E, não. Ele não se arrepende de nada. Não sofre, não tem crise ética, nada; e ele salva o dia várias vezes. Algumas ele não consegue, mas... como não tem nenhum vilão personificado – perdão, até tem uns “eleitos”, que são eliminados pelo caminho... enfim, nada que vingue. Kyle está cada vez mais convicto no seu papel, de fazer a proteção dos Estados Unidos (guerra que nunca chegou ao território americano). Kyle não recusa o seu apelido, “Lenda”, ao mesmo tempo, representa o pensamento do que eu acredito que seja o norte-americano médio: “eles estão nos atacando”, “nós precisamos nos defender”. Sem muita crítica, classifica o seu inimigo como “selvagens” (nessa hora, tocou na minha cabeça a musiquinha do filme “Pocahontas”, que dizia: “São bárbaros! Bárbaros!”), e não há ninguém pra lhe dizer o contrário, ou discutir sobre essa questão.

Em alguns momentos ele volta pra casa. Fica tendo aquelas coisas esquisitas que todo mundo que volta da guerra tem. Aí eu penso: “ah, tá, então o filme vai focar naquela luta da volta pra realidade...”, e não, de novo. Não acontece nada.

Aí ele volta pra guerra. A esposa fica nervosa. Reclama que ele tá perdendo o crescimento dos filhos. Ameaça se separar, e... nada. Ele volta, amoroso, se esforça.

Nessa altura do campeonato, eu já tinha desistido de encontrar uma trama. Não há uma história a ser contada, e sim feitos. O filme todo é uma homenagem aos feitos de Kyle. Ele nunca é mostrado como alguém desprezível (pelo menos, não para os americanos), ou questionador. Sua participação na guerra termina, e ele literalmente não se arrepende de nada (diz que vai prestar contas a Deus, apenas). Aí, como terapia (ocupacional?), ele passa a acompanhar veteranos de guerra. E estaria vivendo bem assim, até hoje, se não fosse morto em 2013 por um veterano (que também não sabemos as motivações para o tal ato, e o filme não se atreve a propor nenhuma interpretação disso também). O filme também não cita o momento em que Kyle resolve contar sua história em livro.

O filme dá ao espectador (provavelmente o norte-americano) o herói que tantos procuram; aquele que estava sempre pronto a servir e proteger; o mártir. Em relação a esse último aspecto, mesmo com Kyle tendo morrido fora de combate, o filme é claro em mostrar que ele era adorado (usa fotos e imagens reais do velório, e são impressionantes), e com o fato do militar não se arrepender de nenhuma das mortes contabilizadas (pois estava defendendo seu país, e isso, pelo visto, está acima de qualquer ideia de humanidade). Logo, o filme dá aos nacionalistas o que eles querem.

Brilhante estava a caracterização do Bradley Cooper. Ganhou massa legal, caprichou no sotaque. Ok, fiquei puta por ele ser um dos produtores, o que só me leva a crer que ele será um George Clooney às avessas – se um é humanista, ele é... sei lá, carniceiro.

Rendida (e puta da vida), aguardo os créditos finais. E aí vem a maior cretinice que já foi realizada comigo em uma sessão de cinema: após as fotografias finais (foi um show de power point muito sóbrio, bonito, você tem que ver), a música acaba. E sobem os créditos. Em silêncio. Ora, você está vidrado no filme (não significa que está gostando, mas está prestando atenção [vi esse filme uma vez, antes do carnaval, e fui capaz de descrevê-lo aqui, então eu realmente estava prestação atenção no que estava vendo]), a sala toda em silêncio, a cena final foi lamentando a morte do cara, e...

… cara, eu prestei tributo a esse cara, sem eu querer.

Tipo, “1 minuto de silêncio”, sabe?

Quando eu percebi que A SALA TODA ESTAVA EM SILÊNCIO, peguei meu celular, desesperadamente, pra tentar ligar pra alguém, fazer algum barulho, pra quebrar aquele clima maldito. Na verdade, o filme é muito cru em relação a música. Também, faz sentido: como não tem aquela montanha russa de emoções que a dramaturgia faz, resultando numa parada muito maior (como diria Aristóteles... cadê a catarse???), então não tem muita música não.

Tem tiro. Muito tiro.

Enfim, voltando ao meu problema de fim de filme: achei aquilo super cretino. Imaginei uma sala IMAX nos EUA com aqueles caras que concordam com tudo aquilo que Kyle defendia, e eles estariam chorando de emoção.

Não. Não, não, não.

Esse foi o meu maior problema com esse filme. Essa manipulação.
Até perdi a vontade de fechar melhor esse texto, lembrando do que eu senti ao final desse filme.


Taí. Esse é o grande mérito de “American Sniper”: me levar, sem eu querer mesmo, ao tributo a um dos maiores assassinos da história recente da humanidade.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Da série “coisas que deveria ter comentado em 2014”: artistas que ouvi [3]

E hoje temos banda de RÓQUEEEEEEEE!!

Artista: Milhouse   
Contato: www.bandamilhouse.com
Disco: “Teocídio” 
Faixa: 1 - “Teocídio”


“Milhouse” é um legítimo represente da parte super-boa do artista independente. Aquela que trabalha super duro, e isso se reflete no trabalho de estúdio no que diz respeito ao som. Isto é, a banda é de qualidade e eu adoro isso! Fico com medo quando vejo bandas assim que são absorvidas por grandes empresas... elas perdem em essência. Enfim, eu escolhi essa faixa porque acho que a primeira impressão abre portas e essa é uma excelente apresentação da banda. Mostra certa versatilidade enquanto som (adoro músicas que começam de um jeito e que nos conduz para outro) e enquanto transmissores de mensagem também. A forma como o vocal é colocado contribui muito pra impressão que você quer passar da banda: você quer ser entendido ou apenas fazer barulho? Senti também uma sonoridade que me levou ao rock do início dos anos 2000 (em “Lilith”, em especial, senti uma vibe meio Silverchair!), achei uma delícia. Sei que os caras estão na batalha pra shows e produção de um novo cd (esse é de 2012), eles estão super ativos. Gostou? Dá uma olhada no Facebook deles, e você pode se surpreender. :)

Eis “Teocídio”:





segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Da série “coisas que deveria ter comentado em 2014”: artistas que ouvi [2]

Dando continuidade ao assunto de segunda passada, vamos para o segundo artista do ano! :)

Artista: Fernando Sessé  
Contato: fernando.sesse@gmail.com
Disco: “Em frente”
Faixa: 11 – “Sétima Viagem” – participação Robertinho Silva na percussão e voz no fim da faixa


Gente, quando eu ganhei esse disco eu passei uma vergonha eeeeenorme. Porque eu não sabia o que é um HandPan. Na verdade eu sabia, mas nunca tinha sido apresentada a um. Já ouvi várias músicas com esse som, mas nunca tinha visto. E a minha surpresa maior foi ver que é um instrumento de percussão! MÓR-RÍ! Sabe o que isso? Essa mania horrorosa de usar tecnologia em tudo, eu sempre achei que era um teclado, sintetizador, qualquer coisa dessas, mas não. É um instrumento LIIIIINDOOOOOO! Lindo de viver! E os sons que podem sair disso... baaaaah! Que lindo!

Eu conheci o Sessé no Sul, durante o Porto Alegre Jazz Festival (eu fui trabalhando na equipe do João Donato). Com muita paciência ele me explicou o que é esse instrumento e, muito gentil, me deu uma amostra de seu trabalho. Genthy, me apaixonei!!!

A faixa que eu escolhi é uma versão da faixa 3, “Sétima Viagem”. Essa versão conta com o onipresente Robertinho Silva (que é amigão do Sessé, e essa foi a conexão). O andamento é mais marcado em relação ao original, mas não compromete a dramaticidade da canção. Fechos os olhos e vejo trilha de filme, sabe? As alterações de intensidade, volume... provocam em mim, pelo menos, uma viagem sonora. Achei o máximo. Na verdade, o cd todo é viajante. Amei, quero mais. Me mandem mais coisas assim, por favor. Beijo.     

Vamos todos fechar os olhos ao som de “Sétima viagem”:  

(esse vídeo é outra versão da mesma música, com o Sessé tocando pandeiro)






segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Da série “coisas que deveria ter comentado em 2014”: artistas que ouvi [1]

Olá!
A essa altura do campeonato você já deve ter visto meu perfil no Linkedin. Não é uma manobra pra eu te pedir emprego, não, mas é pra você ter noção do quanto eu estive envolvida na área cultural em 2014. Recebi oportunidades incríveis ao longo do ano, e não pude deixar passar. No meu lugar, você teria feito a mesma coisa.

Então, gente, eu tive a honra de trabalhar para o time de João Donato durante 2014.

[LACROOOOOOOOUUUUUUUUUUU!!]

Enquanto o ano passava fui conhecendo pessoas novas, aprendendo, levando porrada da vida, e tentando ver como eu poderia ser daqui em diante. E é claro que eu tive uma incrível trilha sonora me acompanhando e eu quero dividir esses presentinhos com o pessoal (?) que está lendo o Pitacos. Vou fazer algumas postagens sobre esse assunto, e estou super aberta aos comentários e sugestões de bandas e músicas.

Ok, então. Vamos lá com o primeirão.


Artista: Mihay

Contato: www.mihayfreire.com

Disco: Respiramundo [nota: ele já está com trabalho novo pipocando na praça, ok?]
Faixa: 4 - “Noite Clara” (João Donato/ Mihay) – participação Tulipa Ruiz


Antes de mais nada: essa faixa é muito fofa!!!! Esta canção tem uma levada muito gostosa!! Não tem como não ouvir essa música e não sorrir! É uma DELÍCIA!!! :D
Mihay é o tipo de cara que tem uma mega sensibilidade. É músico, poeta, cineasta, fotógrafo. O que faz de suas canções serem super plásticas. “Noite Clara” é fotografia pura. Você tem textura, tem luz, tem cor... só falta sentir o cheirinho do mar e eu me transporto pra muretinha da Urca. E não é à toa que Mihay colou com João Donato (salve, salve Maestro!), que é O CARA que traduz com perfeição a natureza em seu piano.

A primeira vez que a ouvi foi em um disco do João Donato – ela está no “Live Jazz in Rio” (2014), onde o vocal ficou por conta do Mihay, o piano por João Donato, Robertinho Silva (bateria), Luiz Alves (baixo) e Ricardo Pontes (Sax, flauta). Acompanham Mihay na versão de estúdio: Donato, Robertinho Silva, Alberto Continentino (baixo), Sandro Lustosa (percussão), mais Ricardo Pontes (flauta), José Arimatéa (trompete) e Jhonson de Almeida (trombone). Na voz, temos a participação de Tulipa Ruiz.

“Respiramundo” conta com faixas multimídias também – porque Mihay é assim, contemporâneo ao extremo, e um cara do mundo. Seu som é uma mostra bacana disso. Dá uma escutada, você vai me dar razão. ;)

Senhoras e senhores, “Noite Clara”.





sábado, 10 de janeiro de 2015

People's Choice Awards 2015

Aeeeewwwww!! Começou!!! 
Estamos em 2015 e o que seria de nós sem o desfile das escolas de samba dos gringos que é o tapete vermelho?? 

Então, essa semana teve o People's Choice Awards, premiação que nem é tão grandes coisa porque quem escolhe é o público, é tipo o "Melhores do Ano" do Domingão do Faustão ou o "Troféu Imprensa" do tio Silvio Santos, mas sem aquela cara de amadorismo que vemos por aqui (tipo, todo mundo vestido na maior beca e o público de jeans e camiseta, e o programa sendo gravado - sendo que o mais legal é que seja AO VIVO). 

Isso não impede que o People's Choice seja um saco também, ok? Assim, você sabe quem vai ganhar, não é nenhuma surpresa, porque só vai quem ganha mesmo (não sei se alguém reparou nisso), porque ninguém quer gastar a beleza em dois eventos na mesma semana (a saber: domingo agora tem o Golden Globe). E também vai muito daquela galera de séries, porque... ah, porque o Golden Globe é muito concorrido, e o pessoal precisa fazer uma presença. Enfim, eu fui dormir no meio da premiação porque tava um saco mesmo. Fui deitar depois da Betty White ganhar o seu prêmio - não acredito que foi o primeiro People's Choice que ganhou! - e também teve aquela apresentação muito doida do Fall Out Boy, cheio de fogo (!?!?) e a câmera percorrendo o palco várias vezes pra dar sensação de agitação, aquilo me deixou enjoada (o que foi aquilo!?). Escolhi não ver a apresentação da Iggy Azalea também porque não creio que eu vivo no mesmo mundo em que uma recém-chegada no mercado consegue bater em nomes como Nicki Minaj e Drake e ganhar o título de melhor do Hip-hop. Não consigo conceber isso. 

O evento teve a apresentação da Anna Faris e Allison Janney. As duas são muito legais em "Mom", mas eu tive a sensação que a Allison Janney é realmente como a Bonnie, enquanto a Faris é um pouco chata e volta e meia aproveitava qualquer deixa pra falar do marido - Chris (super hot) Pratt. Ok, o ano passado foi dele, "Guardiões da Galáxia" é muito phoda, mas tava dando no saco, e nós já entendemos que vocês são casados e super felizes, ok.

Dito isso, vamos fazer aquilo que (não) somos pagos para fazer: dar pitacos nas roupas alheias.

Adam Sandler
Não consigo entender como o cara que ganhou o título de menos rentável (pela 2ª vez!!) em Hollywood consegue ganhar um People's Choice. Gente, coerência por favor. E pra piorar, ele ainda tá vestindo um terno que está visivelmente muito maior do seu número.


Kaley Cuoco-Sweeting
Então, ela tá malhando demais. Tá ficando feio com esses braços de Madonna. Gostei do figurino, ganhou atitude por causa do corte de cabelo. No mais, achei infeliz a sua citação ao episódio que ela mesma protagonizou ("Eu não sou feminista"), ainda bem que ninguém ligou, só eu.



Kaley Cuoco - com sandálias de dedo (achei o máximo, mas na premiação ela estava de salto) - e o elenco de The Big Bang Theory: os homens preferem os cachos. :)


Chloe Grace-Moretz
Só em uma premiação como o People's Choice ela ganha de Meryl Streep. #taquipariu 
Enfim, ela tá bonitinha. Ah. Sei lá. Só fiquei puta pela Meryl Streep mesmo.



Beth Behrs e Kat Dennings
Kat, querida, você ficou com essa cara de cu a noite toda. Deve ser por causa do vestido, que parece que foi feito pra Viúva Porcina (se bem que até ela se vestia com mais cor e alegria). Vá vestir algo mais alegre, jovial! Vá sorrir!



Ellen Pompeo
Como atriz, ela será mais lembrada por "Grey's Anatomy". Vamos combinar, ela não é daquelas que marcam. Então, tomou a feliz decisão de ficar atrás das câmeras quando a série acabar. Mas a sua escolha pra roupa foi muito elegante! (embora eu não tenha curtido a cor - acho muito redundante, ela já é pálida e vai ser vestido por alguém que também é pálida...)



Monica Potter
Outra que arrasou no macacão. Lindo e elegante.



Chris Evans
Ok, o cara é lindo. Mas achei super coerente com a proposta do evento esse visual mais "sou-jovem-adulto". Muito legal.



Kristen Bell e Josh Gad
Kristen, não é porque você teve bebê que você precisa se esculachar. Não, não, não. A maternidade deve ser linda, mas não se esqueça de você. Não há motivos pra isso que você mostrou, não.



Bom, crianças, por enquanto é só. Faltou um pouco de celebs mais animadas, né? Mas tudo bem, elas estarão no Golden Globe, domingo, porque a bebida lá é de graça! Vai ser muito mais divertido! Bjs

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Da série “coisas que deveria ter comentado em 2014”: Bye, Orkut!

Ah, a nossa primeira rede social virtual a gente nunca esquece...

Lembro com muito carinho no coração do meu perfil no Orkut. Lembro de ter recebido o convite para entrar no Orkut, via um e-mail que não existe mais... lembro que o Orkut no início era todo em inglês, só pra me foder (porque não sabia muito inglês naquela época – ainda não sei tanto assim, mas tá um pouco melhor... rs...)... Lembro de comunidades incríveis (tipo “Festa da Bete – homenageando rimas geniais” ou a finada “Discografias” – caras, pude pegar muita música legal ali!)... Lembro daquele recurso que deixou muita gente com o cu na mão (quando o Orkut começou a dizer quem visitou seu perfil)...  

E lembro que quando eu desisti de dar valor ao Orkut: foi durante uma discussão em um fórum de professores, onde os assuntos giravam em torno de greve, democracia, essas coisas... e aí veio um infeliz e com a sua fala quis dizer que a democracia se resumia ao processo de “ditadura da maioria” – isto é, uma vez com a decisão tomada democraticamente (DEMOCRACIA=VOTAÇÃO – já discuti sobre isso em outro post), não era possível voltar atrás. Era preciso aceitar, e pronto. Aquilo me magoou profundamente, porque eu já estava trabalhando na rede como professora e sou formada em Filosofia. Então, além de me ferir no argumento da autoridade (no caso, da falta do reconhecimento de que eu possuía meios mais... seguros, cientificamente falando, para não reforçar o estereótipo do senso comum para o conceito de democracia), a pessoa sequer demonstrou interesse em fazer uma discussão mais profunda sobre isso. A ideia que aquele “”debate”” me passou era justamente a de que democracia é a ditadura da maioria – no sentido mais profundo da prática ditatorial mesmo. Então, seguindo a linha que me foi imposta (rs...), me afastei da discussão. [Lembro que o que estava em jogo era justamente o debate sobre as decisões tomadas em assembleia – logo, uma vez a decisão tomada, N-A-D-A iria fazer com que alguma coisa pudesse mudar aquela decisão. TÃN-TÃN-TÃAAAAAAAAAN!] E foi isso, não voltei mais ao Orkut.

Na verdade a culpa nem foi do próprio Orkut. Naquela época ele já estava muito sem graça mesmo.

Bom, já foi tarde. Exceto pela minha irmã que jogou Colheita Feliz até o último dia – sério – não sei de mais ninguém que realmente usava o site. Não havia motivos pra manter aquele elefante branco ali.  

Ah, e a tal experiência no fórum de professores me ensinou uma coisa: a NÃO debater em redes sociais. É claro que não me impediu de fazer novamente, mas em escala menor. Hoje em dia, tenho muita preguiça de começar um debate novo no Facebook, pois sei que o que as pessoas querem é imposição de afirmações, e não discutir de verdade (no sentido saudável da coisa, mesmo). :D

Obrigada, Orkut!


quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

A volta dos que não foram: Jimmy e Nicole

De ontem pra hoje pipocou o vídeo de um trecho da entrevista de Nicole Kidman no Jimmy Fallon, onde ela conta, super constrangida, que deu mole pra ele no passado e o cara a ignorou por completo. E aí, aaaaanos depois (isto é, na ocasião da entrevista), ele puxa o assunto e... descobre que Nicole Kidman estava lá, soltinha, e nada aconteceu. Hoje eles estão casados e com filhos, felizes pra caramba com seus parceiros, mas... putz, o cara poderia ter ficado com a Nicole Kidman!!! A vergonha entre ambos fica tão evidente que... a entrevista meio que não rola direito, né. 

Relaxa, gente. Isso é absolutamente normal.

Muitas vezes por causa de bloqueios mentais, falta de autoestima, timidez, ou tudo junto, deixamos de nos arriscar. Imagino a cena: Nicole Kidman, que deve ter feito um esforço tremendo pra virar pro amigo e dizer "me leva na casa desse cara, eu meio que tô interessada nele" e aí chega lá e o cara não sai do PLAYSTATION e tal, e fica aquela princesinha sentadinha, só no queijo brie, esperando a atitude e nada acontece (e a Nicole Kidman deve ter feito muito esforço MESMO, imagina, ela deve ser toda educadinha, aí precisa tomar iniciativa com o cara...). Ou então, é reflexo das barreiras, tipo "fulano é muito além do que eu poderia pegar" e aí ninguém faz nada, nada acontece e tal - se essa história for verdadeira, é o que pode ter passado na cabecinha do Sr. Fallon...

O que acontece com os homens e mulheres nessa hora, ninguém toma uma atitude nessaporra?

Eu sou a favor da boa e velha cara de pau. 

Veja bem, isso não quer dizer que é pra partir pra agressão. Mas o que custava à Nicole, amiga, tentar alguma abordagem... tem gente que é devagar mesmo... mas virar e, sei lá, falar do tempo?

Na pior das hipóteses, você vai levar um "não". E só. E de repente vira amigo. E talvez possa tentar de novo. Sei lá. Mas botar a cara, dar o primeiro passo, puxar um assunto! Tipo, ninguém vai ter bater se você tentar. Pergunta, ora. Se a resposta for "não", segue em frente. Afinal, "não" e "sim" foram feitos para serem ditos (e muitas vezes na vida vamos levar vários "nãos"...).

Do outro lado, também sou adepta ao estilo "por que não?" das relações. Assim, se eu estou sozinha, tranquila, não poderia dar uma chance pra alguém legal? Vai que a pessoa te surpreenda? Veja bem, a pessoa precisa valer a pena, ser no mínimo alguém que você gosta de estar junto, pela conversa, sei lá, mas que seria legal passar um tempo. Vai que cola...?

Olha, eu demorei muito tempo pra entender isso. Na época da escola (tipo 6ª, 7ª série), eu sempre ficava de olho nos pop's da sala ou da escola, só que não me aproximava, não fazia nada. Até que uma menina - muito da sem graça, por sinal - conseguiu ficar com um menino que eu """gostava""" e eu fiquei puta com ela e o mundo (como se alguma outra pessoa tivesse alguma culpa pela minha inércia). O menino seguinte que eu gostei, da mesma escola (meu mundo social não era muito grande, desculpa), eu consegui ficar, só não lembro exatamente como (mas te garanto que ele tava sabendo, era um menino que jogava RPG e eu jogava tb), mas rolou um namorico sim. Enfim, depois que eu consegui o primeiro, os outros vieram tranquilo (HAHAHAHAHAHA). Alguns eu precisei me esforçar mais, outros menos, às vezes usava meus amigos, mas depois da 7ª série eu nunca mais fiquei chupando dedo. E olha que eu nem fazia o tipo de aluna gata, eu era feia pra caramba, mas eu desenvolvi outras habilidades que no fim das contas se somaram à minha beleza e inteligência ~haters gonna hate~.

De qualquer forma, amigos, tudo é possível. Não tenham medo de tentar. E se rolar aquela rejeição, lembre-se: somos 7 bilhões de pessoas no mundo. Alguma pessoa vai estar em sintonia com você em algum momento. 

O que não dá é ficar sentado esperando pelo cavalheiro/dama achando que ele vai ler seu pensamento. Desculpa, mas isso não rola.

E assim termina o post de hoje: como não nos cansamos da vergonha alheia, este será mais um blog que vai compartilhar a derrota do coleguinha (porque é realmente MUITO engraçado!).