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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Eu vi por falta de coisa melhor: "Além da Vida"

Feliz ano novo, meus caros! Depois do (caótico) reveillón, das promessas mentais que vão de ralo logo nos primeiros dias de janeiro, e etc, etc, etc, eis que só fui ao cinema noutro dia. Primeiro quero deixar claro que o filme escolhido não foi lá beeeeem escolhido. Eu tava lá no shopping, rolou a proposta do cinema, e depois de ver DOIS complexos de cinema e chegar na conclusão de que havia praticamente a mesma lista de filme em ambos (o que me deixou irritadíssima), escolhi o que mais parecia agradavel. Enfim, não era o filme super esperado, mas eu vi por falta de coisa melhor. E pra curtir o ar-condicionado também. xD

Então, já sabe que tem eventuais spoilers. Leia por sua conta e risco.

Não explica muita coisa, né?


Achei seriamente que se tratava de um filme espírita. Sério. Mesmo não sabendo a religião do Clint Eastwood, eu achei que fosse algo tipo "Nosso Lar", sabe? Ok, não tão espírita assim, mas achei que fosse algo meio "Ghost", versão 2010, com Matt Damon. Não é bem assim.

Matt Damon (George) é só uma parte de um triângulo de protagonistas: tem  também a Cécile de France (Marie) e o (talentoso) Frankie McLaren (Marcus). Cada um em uma parte do mundo (ok, E.U.A., França e Inglaterra, mas é fácil de entender), e eles vão ser cruzar por causa de um assunto em comum. Até aí mole, tem vários filmes com a mesma estrutura. Mas o legal desse filme é que vai ser a relação deles com a morte, cada um de um jeito, formando uma escadinha: George tem um "poder" (ou "dom" de se comunicar com os que já se foram; Marie acaba de passar por uma experiência de quase-morte e Marcus perdeu um alguém muito especial. Todos eles com seus problemas pessoais (o primeiro tenta abandonar, ou esquecer esse dom (que já foi explorado no passado pelo seu irmão); a segunda , âncora de um jornal sobre política [eu apelidei a personagem de "Marília Gabriela francesa" porque eu achei o visual idêntico ao da nossa jornalista] dá meio que uma surtada depois de sua experiência - ela sobreviveu ao tsunami na Tailândia; e o terceiro tem uma mãe viciada e vive fugindo da assistência social para ficar perto dela. Como já disse antes, a morte os une, mas não é do jeito que estamos acostumados. Portanto, nada de "caminhe para a luz", "seja uma pessoa boa e vá pro céu" e essas coisas.

O mais legal mesmo é ver o processo. Marie, de mulher competitiva e aparentemente forte, começa a querer investigar o que aconteceu com ela, e isso acaba mudando seu mundo; Marcus faz uma busca criteriosa para encontrar uma forma segura de  voltar a se sentir próximo de seu ente querido (essa é a melhor parte do filme, na minha opinião) e George tenta lutar contra aquilo que parece ser seu destino. 

Não há lição de moral, não há defesa de uma religião, nem um caminho de luz, nem limbo. Ninguém reza em momento algum (na cena do ritual de cremação, Marcus está triste e sem entender porque nem o padre dá importância a sua perda). Em um momento do filme, George se vê obrigado a responder a uma pergunta clássica: "mas para onde ele foi?" E mesmo ele, que possui um dom extraordinário, responde: "... não sei." 

A ideia do filme não é dar respostas ou conforto (como "Ghost" e "Nosso Lar", só pra citar alguns), mas colocar a morte na roda de discussão. Apenas isso.  ÓTIMO! A proposta do filme é "só" essa: incluir na nossa vida a possibilidade de que, em algum momento, morreremos. E precisamos aprender a lidar com isso. Agora, vamos combinar que o roteiro não ajuda muito. É possível assistir ao filme e ainda ficar com a cara de "hã? E A Viagem?", justamente porque a proposta não fica muito clara, é tudo muito sutil. Só podemos perdoar isso porque tem a mão de Eastwood, que conduz o filme com muita leveza (especialmente o "núcleo" do Marcus, é coisa de chorar de emoção).

Enfim, hora das estrelinhas... dou 4 (o meu máximo é 5, ok?). Podia ser melhor, mas é bom justamente porque não vem com respostas prontas. Se eu quiser saber a posição do Clint, o homem, sobre o assunto é melhor que eu leia uma declaração dele, uma entrevista, sei lá. Isso foi o que me conquistou no filme. Não dá pra chegar com pregação na tela grande (sério, não consigo curtir, mas enfim...). Nesse caso, a postura do filme é muito legal e nos deixa com material pra pensar. Ponto pra Eastwood, o diretor.

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