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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Só sou feliz com meu marido - "De pernas pro ar"

O povo que bolou essa divulgação não estava muito inspirado...


Era a noite do dia 25 de dezembro (não a véspera do Natal, mas o Natal mesmo, ok?) e eu e mais alguns (rs...) paramos no cinema matar o tempo. Compramos ingresso para o último filme disponível e entramos. Por sorte, era  a pré-estréia de uma "comédia romântica" de título duvidoso nacional.

* com alguns spoilers, mas pode deixar que não contei nenhuma piada, ok?

A sinopse você já deve saber (até porque, oficialmente, o filme começa a rolar no dia 31, isso é, amanhã): Ingrid Guimarães vive a mulher (que é esposa, mãe e filha) viciada em trabalho, sem tempo pra nada (dãããã). Lá pelas tantas perde o emprego e o marido. Não liga tanto pra isso - a parte do marido - já que ela não comparecia mesmo. Lá pelas tantas conhece a Maria Paula dando uma de gatona: ela tem uma sex shop que não tá indo muito bem. As duas moram no mesmo prédio, se conhecem por acaso, e a Guimarães, que está desempregada, se oferece pra ajudar a Casseta (que tá com um jeito de falar que parece que vai anunciar a qualquer momento um produto das Organizações Tabajara, mas tudo bem). Pronto. Tem aí um filme, cheio de piadinhas sobre brinquedinhos sexuais, etc, etc. (até que algumas são engraçadas). Até que a personagem da Guimarães se adapta bem ao mundo dos tais brinquedos (a resistência é por um curto período, até q ela usa um coelho que muitas já devem ter visto no "Sex and the city"), vai se acertando com o filho (porque isso é mole, né? É só aparecer nos jogos de futebol dele...) e aí o grande problema vira, claro... o marido! (Bruno Garcia tá virando coroão, mas continua bacana...)

E aí é que está o meu problema com o filme. De mulher competitiva e forte, a Guimarães (Alice, o nome da personagem...) passa a ser passional como outra qualquer, até bobona, quando cai na pilha da mãe e vai correr atrás do ex (?) e sua amante (?). E outra: ainda fica escondendo do dito cujo sua real ocupação. Ele, claro, é machista toda a vida (isso já era de se esperar)... Aí o filme cai no mesmo problema de quase toda comédia romântica: a mulher vai precisar abrir mão de algo (no caso do filme, o novo trabalho) se realmente quiser ficar com o cara. E o cara posando de bom moço, abraçado ao filho, dizendo "... tudo bem, pode atender o telefone. Estamos acostumados (a ficar de lado na sua vida)"... A mulher, lá pelas tantas, consegue erguer uma grande empresa, ganha prêmio, e se sente sem família (mesmo com o filho e a mãe dando uma força) porque o marido não tá por perto! Genteeeeeeeeeeeeeee... É claro que é ótimo ter um marido (ou namorado) por perto, mas se o cara não aceita a vida que você leva, então nem adianta, é peso morto! Não adianta ter alguém perto de você que só te puxa pra baixo, dizendo "o que você faz não é certo" quando você tá ganhando sua grana honestamente.

Então, se fosse pra dar estrelinhas de avaliação, eu daria umas... três. O filme é divertido, tem piadas meio bobas, mas funciona pra passar o tempo. Agora, a estrutura não é legal. Levar o problema da mulher que se torna "agradar ou não o marido?" pro mesmo nível de "vou vestir branco ou dourado na passagem de ano?" não rola. É muito sério quando você trabalha em algo que seu parceiro não aprova - ou, pra muitas, quando você trabalha [ponto]. Geralmente - e essa é a postura do filme - a mulher se obriga a decidir entre uma coisa ou outra porque o cara deu um ultimato, sem muita conversa. Já digo que o filme não tenta criar uma solução pra esse problema, e faz o que muita mulher (que tem um pingo de amor-próprio) escolhe fazer no fim das contas...

Um comentário:

  1. Pois é... esse reducionismo mascara que machismo mata pra caralho. As mulheres ainda são oprimidas (juntamente com transex e toda a expressão do feminino) e não existe igualdade de gênero no nosso país. Fora a misoginia escrota que a todo tempo tenta atribuir ao feminino a fraqueza e incapacidade.

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