Dando pitacos!

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E a estrela Intrometida existe mesmo!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Vida de ruminante

Ainda me desculpando por eventuais sumiços no Pitacos... Muito trabalho pra fazer, e em pouco tempo! Enfim, nessa busca desesperada para entender (e criar) teorias sobre vários filósofos, parei pra pensar em um coisa. Tem algo, uma pequena observação, que eu gostaria de compartilhar. (Eu espero ser breve nisso, porque independente do meu chilique ou não, eu ainda tenho prazos...)

Qual o objetivo quando procuramos nos especializar em algo? Qual o sentido em estudar de maneira violenta o pensamento de alguém, ou algum fato específico? O caminho que a humanidade trilha agora (na verdade, faz um bom tempo) é o da especialização: bom e inteligente é aquele que sabe muito sobre o funcionamento de uma determinada coisa. Em detalhes. Profundamente. Conhece tão bem quanto a si próprio.

Mas, e quando o assunto já deu o que tinha que dar? Quando o assunto encontra seu limite, quando ele já foi rasgado em tantos pedaços que até pra voltar ao quadro geral fica impossível? O que fazemos agora?

Bom, só nos resta ruminar. Mastigar, mastigar eternamente, feito uma vaca. Olhando pro pasto, que não muda. Sentindo a mosquinha maldita que fica ziguezagueando na nossa cara. E fingindo que está fazendo o melhor trabalho do mundo. Na zona de conforto, posando de autoridade. Blá! Grande coisa!

Uma das qualidades mais louváveis do ser humano é justamente a vontade de conhecer. Ela é o ponto de partida para o agitado mundo da busca, da curiosidade, da invenção. Quando não batemos na mosquinha maldita, quando não vamos procurar outros pastos, quando ficamos parados no mesmo pasto, dizendo as mesmas coisas, tocando as mesmas coisas, falando sobre as mesmas coisas, estamos matando essa vontade linda. Quando não reconhecemos que um assunto já deu o que tinha que dar e ficamos ruminando, não vamos à lugar algum.  

Não estou defendendo que não é preciso conhecer bem algum assunto. Mas a hiperespecialização nos torna entendidos de nada: não adianta muito sabermos horrores sobre um assunto e não relacionar com o todo, com a universalidade. Isso é isolamento intelectual. E eu não quero aprender como ficar falando sozinha.

É triste abrir páginas para pesquisa e ver que muitos recebem para ficar falando sobre as mesmas coisas com palavras diferentes. Ou para tocar as mesmas obras sem o menor comprometimento com o futuro. Aposto que os criadores dessas obras não gostariam disso. 

Enfim, ruminar só é bom para as vacas, porque só conseguem se alimentar dessa maneira. O ser humano pode ir mais longe que isso.

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