Dando pitacos!

Porque todo mundo tem algo a dizer sobre tudo. Só não somos convidados sempre...
E a estrela Intrometida existe mesmo!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Mamona no Pitaco

Tem dias que eu acordo tão estressada, tão irritada... Que a eleição da "música do dia" acaba refletindo - e muito - o humor negativo. Há algum tempo, durante uma dessas crises, baixei "1406", dos Mamonas Assassinas. Meio que sem querer, acabei apresentando a banda aos meus irmãos menores, que nasceram anos-luz depois desta banda surgir e sumir, de maneira trágica. Logo o refrão grudou na minha cabeça:
Money, que é good nóis não have
Se nóis hevasse nóis num tava aqui playando
Mas nóis precisa de worká

Money

Que é good nóis num have

Se nóis hevasse nóis num tava aqui workando

O nosso work é playá...

Não resisti e acabei baixando outras, inclusive versões ao vivo (porque, pra mim, banda que é Banda não tem essa de playback)
, pro delírio dos mais novos - que adoram um palavrão disfarçado. Contudo, dessa vez aproveitei pra usar meu ouvido (des)treinado e analisar como era realmente a música que os caras fizeram.
Nossa, fiquei pasma... Primeiro porque, apesar da poesia ruim, a banda tinha uma ótima cozinha. Isso se deve ao fato de, em um passado não muito distante pra eles, fazer covers de Rush, por exemplo, e isso acaba se tornando um ótimo exercício (também, quanta escala e contratempos...). A música deles é cheia de referências vocais (acho que até hoje nunca ouvi a voz verdadeira do Dinho) e instrumentais. O que fez da banda ser superversátil. Acreditem: é muito difícil ver músicos com versatilidade. É difícil, quase impossível, alguém se sair bem em outros estilos. Os poucos que conseguem se tornam valiosos, como o Luiz Schiavon (o único que prestava no RPM), Lulu Santos, ou quase toda a banda Roupa Nova. Lembro que, apesar de não tomar refrigerante, amava ver o "Estúdio Coca-Cola" na MTV porque acabou forçando muitos músicos de Rock brasileiro deixar a cara feia de lado e estudar um pouco. Mesmo que, pra isso, fosse preciso passar uma vergonha básica na tv fechada. (Lembro do Japinha do CPM22, coitado, suar pra acompanhar o Axé de Claudia Leitte...) Quem conhece o estilo sabe que, se estudassem, poderiam usar outros acordes... rs... Ou outros tons de bateria... rs... Mas, enfim, o certo é que os Mamonas passariam por essa fácil, fácil. Na música "Bois don't cry", por exemplo, um clássico riff do Rush é inserido (lembram da música do MacGyver?). Isso fora as introduções com o "ar-rock-progressivo-porque-é-isso-que-eu-gostaria-de-estar-tocando-de-verdade". Imitar pagode do Negritude Jr (!!!) é mole...
Não sei a biografia deles. Na época que morreram eu estava beirando os 15 anos. Mas eu fiquei super curiosa pra saber da evolução musical deles. Segundo o Wiki, o último integrante a entrar foi Julio Rasec, o tecladista, que demorou a se interessar por música. Mas me impressionou a quantidade de recursos trabalhados em uma época que um equipamento bom era super caro (bem mais do que hoje). E, quem é do ramo, sabe que não basta ser bom nas teclas, mas tem que explorar bem o workstation. Pra quem tinha aprendido a tocar "outro dia", até que ele se saiu muito bem...

Outro aspecto interessante da banda é a parte, digamos, poética. Já observaram que as letras são quase todas auto-destrutivas? É traição, falta de dinheiro, de foda, tragédia... "Loucura, insensatez, estado inevitável; embalagem de iogurte inviolável..." Tá certo que rir da própria desgraça faz bem, mas isso... putz! Eles tinham um ar bem triste mesmo. Bem "palhaço trágico". Humm...

Por fim, quero lembrar de uma última coisa: na época da morte deles, a internet ainda era discada. Mas, assim que conseguiram, jogaram as fotos
post mortem dos músicos na rede. Foi um alvoroço, mas não conheci ninguém na época que conseguiu ver. Isso é meio (!!!) mórbido, é verdade, mas confesso que tentei. A ironia é que, depois de ter desistido por achar que não seria legal e que era melhor guardar a imagem da "alegria" (que agora não acho nem mais tão alegre assim), ao fazer pesquisas agora a pouco pra escrever este post, dei de cara com... Aff...!

É... Por hoje é só, pessoal!

Obs.: o post foi escrito em um dia em que, além de puta com a vida, estava sentido saudade do breve período que toquei teclado por prazer e ganhei dinheiro por isso. Melanciolia pura.

3 comentários:

  1. Estou impressionado... Nunca prestei atenção neles. Eu achava até muito chato. Não porque não gostasse de verdade mais porque todos falavam deles o tempo todo!

    Enfim, gostei e até bateu vontade de tocar teclado novamente também...

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  2. Tem coisas que só a maturidade pode nos ajudar a ver!

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  3. AMAVA Mamonas Assassinas, masi pelo fato de ser um menino bobalhão da 4ª ou 5ª série do que por ser um admirador do talento e da versatilidade artística. Mas teno q dar a mão à palmatória: se os caras foram artistas de um CD só, esse fez história!! E ng esquece mais!! Bjs!!

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