Dando pitacos!

Porque todo mundo tem algo a dizer sobre tudo. Só não somos convidados sempre...
E a estrela Intrometida existe mesmo!

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A fila.

Dia desses, eu estava com um grupo numa boate onde um amigo meu trabalha como bartender, no centro do Rio. (Tenho alguns amigos que trabalham nessa área, o que me fez mudar muito o meu gosto para bebidas. Mas isso é assunto pra outra hora.) Naquela ocasião, o programa de computador que gerencia o sistema interno de pagamentos deu pau. Era um sábado à noite, festa lotada, povo consumindo como se não houvesse amanhã - estamos no verão, bebemos sem parar! - e nós, já prevendo a imensa fila que se formaria ao fechamento dos trabalhos, resolvemos encerrar a noite faltando uns 20 minutos da badalada final. A fila já existia, era modesta. A casa estava contando com apenas um equipamento para fazer os pagamentos. Só nos restava a boa e velha Dona Paciência como companhia.
 
Enquanto isso, não pude deixar de notar que pequenas aglomerações estavam se formando em pedaços da fila. Pensei comigo: "não vai prestar". Eu, depois de dois anos de yoga, já estou um pouco mais acostumada a ficar com meus próprios pensamentos em uma fila: não adianta nada eu me estressar, isso não vai fazer a fila andar mais rápido (esse pensamento também vale para o uso da buzina: ficar apertando como louco não vai fazer o trânsito aliviar. Problemas não se resolvem sozinhos só porque você está com pressa). De repente, escuto pessoas gritando atrás de mim: "Não vaaaaai entrar! Você está furando a filaaaaaa".
 
Há tempos não entro em boates pra "novinhos". O lugar onde eu estava era voltado ao público de "jovens adultos" - pessoas de uns 30 anos, por aí, um pouco pra mais, um pouco pra menos - logo, era um lugar para adultos.
 
Adultos.
 
Dou uma olhadinha e vejo um bate boca entre uma mulher e um homem. Ofensas. E gritos de "Então chama o segurançaaaaaaaaaaaaa!!!!". E por algum motivo, alguma mulher chama outra de "vagabunda". E rola um princípio de puxões de cabelo. O segurança separa. Os ânimos vão acalmando. Pagamos nossa conta e fomos.
 
O que mais me chamou atenção:
1) A necessidade da intervenção de pai/ mãe na figura do "segurança".
2) A insistência em velhas práticas: furar fila.
3) A falta de respeito com o próprio sexo.
 
O que eu pensei:
1) Somos retardados. Não adianta pagar nossas contas, morar sozinho, ter ensino superior. Ainda somos incapazes de resolver nossos próprios problemas com racionalidade ou o mínimo de calma. Somos agressivos. Estamos agressivos. O legal é que todo mundo estava lá com o mesmo objetivo: pagar a conta. Brigar só faz esse objetivo demorar mais ainda.
2) Não adianta compartilhar posts no Facebook se dizendo "contra a corrupção". Sim, ainda queremos passar a perna no outro (e não vou nem contar o que o cara usou como método pra furar fila...). Sim, ainda vamos querer passar a perna no outro. É por essas e outras que não acredito em uma série de movimentos que estão aparecendo por aí: acho que são pessoas reclamando porque não conseguem "passar a perna" como antes, e não porque as coisas são injustas.
3) Em pleno século XXI, ainda somos capazes de nos auto-ofender. O "vagabunda" ou talvez o "piranha" ainda é reflexo da nossa sociedade machista, onde as mulheres são culpadas por tudo de ruim que acontece no mundo. Ninguém chamou o cara, que estava puxando o "bonde do fura-fila" de "vagabundo". Deixa isso pra mulher.
 
É triste isso. Acabar com uma noite de festa (porque se a pessoa ficou até o final, é porque, possivelmente, a coisa estava boa) por causa de uma fila.
 
Uma fila.
 
Gente exxxxperta...   

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